Marcadores: James (21m e 64m), Kléber (35m e 74m) e Varela (90+1m).
Liga 2011/12, terceira jornada
6 de Setembro de 2011
Estádio Municipal da Marinha Grande
6 de Setembro de 2011
Estádio Municipal da Marinha Grande
FC PORTO: Helton «cap.»; Fucile, Rolando, Maicon e Alvaro; Fernando, João Moutinho e Belluschi; Hulk, Kléber e James.
Substituições: Hulk por Varela (58m), João Moutinho por Defour (68m) e Fernando por Souza (80m).
Não utilizados: Bracali, Cristian Rodríguez, Walter e Mangala.
Treinador: Vítor Pereira.
Substituições: Hulk por Varela (58m), João Moutinho por Defour (68m) e Fernando por Souza (80m).
Não utilizados: Bracali, Cristian Rodríguez, Walter e Mangala.
Treinador: Vítor Pereira.
Em terra de cegos, quem tem olho é rei. Num jogo sôfrego e frenético, brilhou quem teve mais cabeça do que pernas. O visionário James ditou leis, carregando o FC Porto às costas e castigando um Leiria que foi sempre mais emoção do que razão, que encheu o peito durante meia hora para acabar prostrado com cinco socos no estômago. O colombiano é um iluminado, um génio que vê oportunidades onde outros encontram bloqueios, que domina o espaço e o tempo para partilhar com os colegas os golos que ele desenhou, muito antes de todos, no pensamento. O que James fez na Marinha Grande é ouro, mas não nos desvia de um jogo de equívocos.
O apagão que interrompeu a segunda parte é a metáfora de um duelo que, apesar do desnível final, também não iliba o FC Porto de críticas e reparos. Vítor Pereira terá inúmeras atenuantes, mas a meia hora inicial dos dragões foi medonha. Com o Leiria muito subido no terreno e agressivo no momento da perda, o campeão viu encravada a sua saída de bola e chegou a sentir dificuldades para passar, sequer, o meio-campo. Com 6 cantos em apenas 20 minutos, os locais ganhavam brio e ameaçavam Helton, perante um adversário macio e que só fez a primeira falta (ofensiva, por sinal) aos 25'...
Firme nas segundas bolas, a equipa de Caixinha sentia-se confortável num losango que mantinha a equipa sempre articulada, profunda mas larga. É certo que Vítor Pereira estreava no onze Álvaro Pereira, Fernando, Belluschi e o próprio James, pedindo ainda sacrifício aos internacionais que haviam somado minutos nas selecções nos últimos dias. Até isso recomendava um FC Porto a todo o gás. A jacto, se quisermos, remetendo para o resgaste do soldado Hulk, que goza de um estatuto tão raro na equipa que até é titular no clube menos de 24 horas depois de jogar em Londres pelo Brasil!
Justiça lhe seja feita, Vítor Pereira denunciou, nas escolhas que fez, que o duelo contra o lanterna-vermelha não se ganharia com bluff. O treinador puxou dos trunfos e pôs as cartas na mesa. O Leiria deveria saber que o naipe do campeão castigaria a sua inépcia na fase de definição, sendo irónico que o primeiro golo tenha chegado na sequência de um lance de grande perigo na área de Helton! James e Moutinho correram o campo em meia dúzia de passes, isolando-se o colombiano para uma finalização que cravou um punhal no ilustre peito leiriense. Com simplicidade de processos, os dragões expunham de forma cruel toda a ingenuidade do seu adversário, que insinuara uma superioridade que não mais foi capaz de reclamar.
A nobreza do Leiria desmoronou-se como um dominó. A auto-estima da equipa viu-se arrasada e o experimentado FC Porto sentiu e castigou a fragilidade alheia. Belluschi e Moutinho subiram linhas e foram abafar a saída de bola do rival, que insistia em construir de pé para pé, mas não foi capaz de perceber que o golo o deixara a tremer que nem varas verdes. Kléber estreou-se a marcar em jogos oficiais precisamente contra o adversário a quem fizera os seus últimos golos, a 1 de Abril. Parece mentira, mas o quarto de hora final da primeira parte escancarou um cenário de goleada que nunca antes parecia ao alcance dos portistas, denunciando também um Leiria demasiado ingénuo para este escalão e com uma estrutura mental gelatinosa.
Pensar-se-ia, pois, que o jogo estava resolvido e que seria questão de mais golo, menos golo. Foram muitos, na verdade, mas o que surpreendeu, uma vez mais, foi a permissividade portista. André Almeida, a meias com Maicon, criou algum suspense em torno do resultado, mas nesta fase já tudo estava tão partido que era ver James, sereno e paciente, à espera de bolas que lhe permitissem espalhar o seu veneno. Já depois do apagão (tanto amadorismo nesta Liga!), eis que o colombiano reapareceu para um remate cruzado que tudo esclareceu. Deambulando entre o meio e a direita, o miúdo fazia do relvado o seu recreio. Chamando a si as atenções, multiplicou linhas de passe que o Leiria estava seguro de ter anulado.
A régua e esquadro, James jogou num tabuleiro só seu. O bis de Kléber nasce da cabeça do colombiano, precisamente o que faltou a Maicon no livre que deu a Diego Gaúcho o 2-4. Aqui vai outra ironia: o FC Porto já marca de bola corrida (todos os golos de ontem, por sinal), mas passou a sofrer de bola parada! É um detalhe para Vítor Pereira estudar, mas o que não vem nos livros é esta magia que vai transformar James num dos eleitos do nosso futebol. Reveja-se o que se escreveu sobre equipas prováveis e onzes-tipo: este menino entra no campeão de caras! A sua luz brilhou num jogo que foi demasiado intermitente, mas que confirmou o que se esperava: a candeia do FC Porto já vai à frente e este Leiria tem de ganhar maturidade para se livrar da lanterna-vermelha.
Resumo do jogo
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